segunda-feira, 15 de abril de 2013

Viver pra sempre

Tem quem creia fervorosamente em Deus, tem quem em nada crê. Eu sempre fui de crer em tudo e em nada ao mesmo tempo - assim a vida se faz mais curiosa, misteriosa, instigante. Mas se tem algo em que creio sem pestanejar o nome disso é gente. Afinal, a morte virá. Se vamos continuar em espírito ou parar por aqui, é coisa a se descobrir. Já as pessoas da nossa vida... Ah! Essas continuam e continuam
os com elas, mesmo depois de não estar mais aqui. 

Ou seja: se existe com certeza uma vida após a morte, somos nós nos outros. São nossos vestígios, nossas palavras de amor armazenadas nos peitos, as memórias de momentos únicos, os beijos de sabor eterno, as gargalhadas em locais impróprios, os ombros amigos, os abraços de verdade, os conselhos sinceros, os silêncios que acolheram e as presenças que fizeram diferença. Você pode ter medo, mas percebe que não morre de verdade quando se surpreende ao ver pedaços seus nos outros. Um jeito de olhar, uma idéia tão sua, uma palavra que só você usa em momentos muito específicos, um sorriso maroto que você arquitetou e que de repente descobre vestido na cara de outro (e surpreendentemente melhor que em você). Traços seus que vão continuar a ser compartilhados, vividos, acolhidos por gerações. 

De repente, você compreende que o segredo da vida eterna é tão simples, está justamente no que há de melhor nessa nossa delicada vida passageira. O segredo de viver pra sempre reside no amor e na amizade.

Amar é para os fortes

Tudo é complexo, mesmo que fantasiado de desejo, no difícil e doce exercício de aceitar alguém na sua vida. Afinal, isso interfere diretamente (e com a nossa autorização) não só na nossa rotina, mas também na sua existência. Algo de uma complexidade que sonha ser simples como é o sentimento que o nutre. Namorar, casar, conviver, de verdade e com entrega, é para os fortes. 

NÃO RIA DO CABELO DE DEUS





Tá se preparando pra cair aquele pé d'água em Belo Horizonte. Aí divago e lembro das incontáveis vezes que já ouvi gente se referindo a inundações e chuvas torrenciais, terremotos e tsunamis (ou qualquer outro desastre natural) como frutos da ira de Deus. Sinceramente é o tipo de palhaçada que não suporto. É triste demais ligar a TV e ver quantas vidas se perdem, por exemplo, em soterramentos por conta das chuvas. E aí entra uma discussão social, política e econômica. Mas, sobretudo, são mazelas naturais que representam uma resposta ao modo "sem modos" como a gente trata o mundo onde vive. Dizer que é Deus tendo chilique é rir do cabelo Dele (que, aliás, deve ser fantástico, sedoso e cacheado e com efeito, sim, de comercial de xampu feminino).

Gente, Deus é um cara muito polido, gentil. É um cara tão bacana que cada saudável minuto nosso de vida é uma gentileza divina concedida. E se você tá aqui lendo isso é porque já viveu bastante pra aprender a ler, a se conectar e a ficar horas no Facebook... então bota minutos de vida nisso aí. O Deus "malvadão" e vingativo é discurso antigo de igreja que hoje tem como única função usar ignorância como esterco pra adubar contas bancárias em paraísos não divinos, mas fiscais.

Aprenda com Deus e seja polido você também. Pra quem acha a palavra pouco usual, ela tem a ver com gentileza e cortesia. Seja polido, mas pouco sóbrio. E sobriedade no sentido de comedimento, parcimônia, reserva. Sempre em nome de Deus muita gente tenta continuamente dizer o que se pode e o que não se pode fazer. Se você for do bem, Deus vai se divertir vendo você viver sem moderação. Viva e deixe a chuva chover.