Não sei mais o que sou.
No olhar de criança, o problema senil
Na ruga profana, o sentimento infantil
Do entusiasta que canto, o pessimista calado
Por trás do senso do justo, o ódio embutido
Da crença divina, o mundo chorado
Palavra ou vírgula
samba ou marcha fúnebre
perfume ou mau odor
Não sou nem fruto maduro pra apodrecer?
Se não sei bem o que sou, então sou a própria dúvida
Sou a alegria do divã, a criança que em pesadelo chora pela manhã
Se não sei o que sou, talvez seja a vontade de ser
Talvez nem concreto, perfídio desejo de viver
Um rio que só corre, sem saber
Rio que não chegou ao mar
De tudo o incompleto
Canção de quem um dia vai cantar
Talvez o futuro
Talvez creia em mim
Talvez quem sabe logo
Um talvez que terá fim.
(Ainda do caderno velho, ainda com 15. Como era bom rimar e sonhar que encontraria a resposta)
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