quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

De sol


Hoje acordei e o dia é lindo. O que não quer dizer nada, pois são nos dias de sol que muita gente se mata. Óbvio: o sol está imenso lá fora, mas para tantos de nós, de peito apertado, é impossível deixá-lo entrar. Um dia de suicidas, de Ennis del Mar. Eu, sem esses rompantes sombrios, sorrio pra esse dia melhor que ontem. Ontem era cinza e quente. E anteontem gelado e úmido. Sorrio porque já estou me habituando a esse país de clima tão mutante e frágil. Ontem era dia de scirocco, vento deslocado da África, uma baforada do Saara que, às vezes, chega a cobrir nossas sobrancelhas com a areia do deserto. Anteontem, o frio vinha do Norte, com cheiro de Russia ou dos Alpes. E hoje é simplesmente um dia daqueles que é o que deve ser, sem ninguém mandar ou meter o dedo. Um dia como cada um de nós gostaria de ser todo dia. De sol.

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