quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Pedaços

CreimDeusPai. Assim, tudo junto, diria a minha mãe. Há quase um mês escrevi aqui. UM MÊS! É assustador como o tempo corre sem piedade, pedágio e parada estratégica pra olhar direito a paisagem da estrada. Ele simplesmente corre, como Forrest Gump ou uma bala perdida disparada acidentalmente daquele 38 escondido em cima do guarda-roupa, esquecido dentro da caixa cinza do Reebok Freestyle anos 80. Ou seja, corre sem motivo ou seu motivo é correr, não sei bem ao certo. Corre, levando a gente junto, dentro de si ou dependurado. Péssima recordação a minha e um paralelo ainda pior, mas não posso deixar de pensar que muitos de nós somos como aquele menino, o João Hélio, que há quase um ano foi vítima da violência do Rio. Roubaram o carro da sua mãe, mas ele ficou preso pelo cinto de segurança. Por sete quilômetros, 14 ruas e quatro bairros, aos seis anos foi assassinado brutalmente, inocente, aos pedaços pelo caminho. No caso do tempo, às vezes me pesa essa impressão de que são tantos os arrastados. Dificílimo entrar no ritmo ou abandoná-lo. Presos pelo cinto de segurança, essa massa dependurada, enquanto o tempo corre, vai perdendo sonhos, amores, coragem e convicções. Vai perdendo a si mesma. Aos pedaços.

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