segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A vida numa palavra




Dia desses entendi do nada, assim meio que sem querendo, que as vidas são como as palavras. Palavras ditas, não ditas, reprimidas, silenciadas, ousadas, tímidas, loucas, equilibradas, rimadas, estranhas, erradas, justas, equivocadas. Claro que sim, cada vida é isso tudo, e diz, e comunica. Ou deixa de comunicar mesmo dizendo.


Estranho não ter pensado isso antes, não ter compreendido que minhas palavras são minha vida e que o contrário não seria estranho de se justificar. Vida de dizer que vivo, de dizer que amo, de dizer que nada. Mais que isso: vida que sonha ser tanto além. Ser frase, texto, livro, enciclopédia e biblioteca. Que sonha ser zilhões de significados acumulados e embolados, ser tantos sentidos e sonoridades, só pra se sentir importante. E que no fim, sonhando isso tudo, quer mesmo e tão somente ser uma palavra. Apenas uma. A palavra certa.


Pois é. Minha vida são palavras. Todas, mas sonhando ser uma só. Só não consigo escolher qual. Aquela que condensada, abreviada e soletrada vai dizer tudo de mim. Tudo que quero de mim.


Dia desses e por longos dias, tinha escolhido AMOR. Errei. Ou pronunciei errado, acho. Mas ainda não achei palavra melhor.

Um comentário:

kurtnavigator disse...

Esses dias depois que li esse artigo, pensei marginalmente sobre o assunto das palavras, sem nenhuma pretensão de sucesso.
Bem por acaso, relembrei um livro muito interessante que li quatro anos atrás.
Nunca vira antes uma coisa tão ousada, coisa tão pervertida. Ainda tinha que terminar um trabalho andes de embarcar numa viagem de uma semana e não conseguia largar o livro.
No mei dis tudo, a palavra é *Janus*.