domingo, 26 de setembro de 2010

Lampejo



Peregrino. Desesperadamente peregrino. Em busca, cercando, provando, tentando. Tantos gerúndios só para intensificar a palavra saudade. Que dói, corrói e fica. E os olhos correm, miram tudo, rodopiam. Se fundem no mundo de imagens do mundo, para no final ver sempre a mesma coisa. Ver o que se quer e não se tem mais. Ver o vazio da cama, do braço, do beijo, do sorriso que luta aflito para existir. Ver vazio o lampejo de vida que parece que resta. Enxergar que a vida é sopro pequeno, sereno em noite quente, estrela cadente que no final é só desejo. Um único desejo.  

(Roma, 4 de setembro de 2006)
Foto - Roger Liborio

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