quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Peste


Às vezes penso que a vida seria mais fácil sem o amor.
É sim, a vida seria mais prática, mais homogênea, sem sobressaltos ou enganos.
O amor tem a mania de sabotar nossos planos individuais, nossos sonhos de criança, nossos desejos secretos e egoístas.

A verdade é que o amor é um parasita.
Suga nossas energias, monopoliza nossa atenção, manipula nossas ações e, sem pedir, tira de nós o que achávamos que tínhamos de melhor e transforma em seu.
É uma peste, um vírus, uma sina, uma merda.

Afinal, quem se reconhece quando ama de verdade? 
O amor toma conta de tudo o que temos: liberdade, orgulho, vontades, certezas.
Tira-nos o chão numa rasteira só.
Rouba-nos o equilíbrio, sufoca nossas idéias.
Torna-se nosso único meio, riqueza e miséria, fome e alimento.
Ganha a grandeza da nossa vida
e faz dela ordinariamente pequena.

Enfim, o amor estraga tudo o que somos e nos pertence
ou apenas acreditamos ser e ter.
É a privação alucinante de qualquer idéia coerente de existência lógica.
Mil amarras de cem mil nós que se restringem a cada único beijo.
Praga que faz sorrir enquanto corrói cada pedaço de dentro.

Comigo, fez tudo o que não deveria.
Ainda é tudo o que eu menos queria. .
Mas, mesmo assim, de tudo resta uma absoluta certeza : 
Só tenho a agradecer por amar. 

Um comentário:

Marss1968 disse...

Parabéns amigo, adorei o texto, muito bom mesmo. Marcelo Assunção